Umas coisas que eu li por aí | Encalhando e atravancando tudo
Tem dias que me sinto um pouco o navio Evergreen no meio do Canal de Suez
Uma das coisas boas do autoconhecimento é saber fazer propostas que façam sentido. Essa newsletter tem a pretensão de ser semanal, mas eu sempre tive certeza de que algo poderia atravessar o meu caminho e impedir que ela fosse uma prioridade. Como o navio Evergreen no meio do Canal de Suez, que estava ali bloqueando ~apenas~ cerca de 12% do comércio global, tem dias que eu sinto a motivação encalhar, e não há escavadeirazinha da determinação que faça ela voltar.
O esquema é saber contornar os encalhamentos da motivação, encontrar umas bóias, uns amigos pra escavar as laterais onde você esgastalhou, e torcer pra dar certo. O Evergreen, depois de muito custo, está flutuando novamente. Talvez valha sempre lembrar do lema da Dory, do Procurando Nemo: continue a nadar.
[o vídeo acima demonstra um pouquinho do processo de desencalhamento do Evergreen. Demora, mas dá pra fazer. Enquanto isso, o Evergreen segue sendo uma boa metáfora pra começar a segunda-feira.]
Slack promete para breve funcionalidades por áudio - é a WhatsZapização do Slack?
A conhecida ferramenta de mensagens instantâneas para times está prometendo para breve uma série de funcionalidades de áudio, que poderão ir desde os áudios tipo os do WhatsApp até a criação de salinhas a la Clubhouse para as equipes conversarem. Como comentei com Henrique Martin e Sérgio Miranda outro dia no Twitter, o WhatsApp já virou ferramenta de trabalho para muitos e é um pouco uma batalha perdida brigar contra isso, mas quem sabe o Slack pode incluir algumas funcionalidades que possam concentrar ao menos alguns grupos de trabalho em um outro app específico? Pode ser uma forma de reduzir o caos.
Razer deve mersmo fazer sua máscara distópica gamer se transformar em realidade
Depois de apresentar o conceito da máscara Razel durante a CES 2021 no início do ano, agora a Razer, aquela fabricante de acessórios gamers, promete levar a cabo a ideia da máscara com capacidade filtrante top e luzinhas coloridas bem gamers. O futuro vai ser mesmo um lugar esquisito, parece.
Mais conversas no Tinder, mais livros - impactos da pandemia?
O Tinder andou reparando que as conversas no app estão mais longas e demoradas - além da troca de mensagens ter aumentado 19%, as conversas foram 32% mais longas. Também pudera, né? Sem poder sair de casa, restou flertar por texto mesmo. Curiosamente, dados do setor editorial também reparara que a venda de livros de ficção aumentou 41%. Nesse caso, meu palpite é que estamos todos tentando fugir da realidade mesmo.
Já temos imagens do protótipo do táxi voador da Embraer
Ainda sem nome oficial, o eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical) da Embraer finalmente apareceu em imagens. Até há pouco, ele era apenas parte de um conceito um tanto futurístico da empresa. O Tecnoblog tem um histórico completo da história dos táxis voadores, que eu tenho acompanhado desde 2019. Parece bacana e ao mesmo tempo parece ainda muito Jetsons pra mim.
A sinfonia de edições da Wikipédia
Esse lugar muito legal da internet também pode virar som. Um site muito divertido permite “escutar” uma sinfonia que remete ao quanto a Wikipedia é colaborativa. A ideia é que você pode ouvir sinos quando houverem adições à enciclopédia livre e aberta da internet, enquanto strings demonstram subtrações de conteúdos. O som também varia conforme a complexidade das edições. “Há algo reconfortante em saber que todo usuário faz barulho, toda ediçõa tem uma voz”, reforça o criador da ideia. Vi no Update or Die.
As notícias que complicam o nosso dia a dia: alguns casos leves de Covid-19 podem transmitir o vírus por um mês inteiro
Como se a gente já não estivesse cortando um dobrado para conseguir manter os isolamentos de 14 dias de pessoas que estão com alguma suspeita. A Galileu explica direitinho o caso. É bom sempre ficar esperto, evitar sair de casa, máscara, etc etc, imagino que você já saiba esse rolê todo, mas não custa reforçar.
Um estresse a mais no Twitter? Plataforma estaria considerando incluir reações diferentes do “curtir”
A ideia parece interessante se você pensar que nem sempre a gente quer mesmo “curtir” algo que foi tuitado, mas talvez reagir de outra forma - talvez odiando, talvez detestando, talvez se indignando junto ou até enviando condolências. O Facebook já fez isso e quem parece estar pensando em algo semelhante é o Twitter. Pode ajudar, mas pode transformar o negócio de interagir no Twitter ainda mais estressante do que já tem sido.
O difícil trabalho de regulamentar e vigiar o uso de tecnologias inovadoras
Poucos dias depois de eu assistir uma palestra bem interessante no SXSW sobre o potencial que algumas tecnologias tem de conseguir “interagir” ou ao menos reconhecer nossos impulsos cerebrais, o Facebook anunciou que está desenvolvendo uma espécie de bracelete capaz de usar os impulsos elétricos do nosso pensamento para controlar uma interface de realidade aumentada.
Curiosamente, o executivo do Facebook precisou frisar bastante que o dispositivo não é capaz de “ler pensamentos” (porque foi isso que assustou todo mundo), mas sim de poder reconhecer que houve um tipo de pensamento e agir de acordo com o impulso neural que reconheceu.
O debate acaba rapidinho se tornando uma discussão sobre se as empresas deveriam ser autorizadas a desenvolver coisas desse tipo ou se seria melhor que esses avanços ficassem restritos a laboratórios menos associados a interesses comerciais - tanto é que o debate foi assunto pra um bloco inteiro da minha conversa com o tecno-pessimista e co-apresentador Rodrigo Ghedin no podcast Guia Prático, que você pode ouvir no link abaixo:
Num mundo de trabalho remoto e feito de qualquer lugar, a compensação também pode precisar de ajustes
Algumas empresas que apostaram no trabalho remoto e distribuído antes da pandemia chegar já estavam questionando como definir os valores dos salários dos seus funcionários. Quer dizer, pagar bem um programador em São Paulo é muito diferente de pagar bem um programador que reside no interior do Paraná. Imagine as disparidades quando você pode contratar no mundo inteiro! Várias empresas estão repensando a maneira de compensar seus funcionários, e a Buffer fez um artigo explicando como pensa sobre salários e quais fórmulas tem usado para definir a compensação da sua equipe. Vale a leitura.
Nem sempre está nas nossas mãos: a importância de entender responsabilidade individual, soluções que precisam vir da gestão e problemas estruturais
Gosto muito dos materiais do Vida Organizada, da Thais Godinho, e recentemente ela fez um texto muito interessante sobre a compreensão da nossa limitação pessoal para resolver situações da vida. A organização é também uma delas. Muitas vezes, precisamos entender o limite do que podemos fazer de maneira individual (organizar uma agenda), o que é uma solução que precisa vir da equipe de gestão de um projeto (como definir as ferramentas de comunicação e organização de projetos que serão usadas) e, por fim, o que é de verdade um grande problema estrutural (como a sobrecarga que alguém pode estar sentindo em um trabalho, por exemplo). Achei importante refletir sobre isso pra não trazer toda a responsabilidade sempre pra gente mesmo - nem sempre o indivíduo dá conta do recado.
Se você está nas capitais paulista ou carioca, talvez esteja feriadando durante esta semana. Aproveite a pausa para descansar. O cansaço mental é real - e, mais do que nunca, estamos estafados de pensar. Aqui a semana segue normal, “fechando a lojinha” no feriado nacional da sexta-feira, para fazer um fim de semana estendido e colocar as leituras em dia. Portanto, a próxima newsletter deve falhar pois estarei des-can-san-do. Faça o mesmo. Durma quando eles dormem. Descansar é quase um ato de rebeldia hoje em dia.
Até a próxima!