Li por aí | Pratinho que cai, pratinho que voa
Nem sempre dá para fazer tudo, mas sempre dá para priorizar
Já teve que cuidar de apenas um afazer em um único dia? É uma delícia. Às vezes a gente demora para conseguir fazer a tarefa com maestria, mas assim que encontramos o ritmo, a coisa engrena e a gente fica feliz. Dá uma satisfação maravilhosa ter que fazer algo e consegui fazer esse algo acontecer a contento.
No entanto, da última vez que eu me lembro de precisar equilibrar apenas um pratinho por vez eu deveria estar, sei lá, no ensino fundamental. E se você me perguntasse naquela época, eu provavelmente acharia que tinha pratinhos demais para equilibrar, citando cada disciplina isolada em que eu tinha que atingir a média como um pratinho em particular. A verdade é que o adulto médio da atualidade deve se parecer um pouco mais com esse Bob Esponja:
É inviável cuidar de tanta coisa e fazer todas elas com esmero. Já fui adepta do multitarefismo, mas hoje sei que uma coisa por vez sai muito melhor do que tentar fazer 10 coisas simultaneamente (geralmente nenhuma muito boa). Isso significa que, dentre todos os pratos que tivermos para equilibrar, alguns deles vão cair. Com essa consciência, o desafio é escolher de modo sensato quais deles vão voar e quais vão cair. Essa priorização envolve entender o que tem prazo mais curto, mais urgência, mais impacto.
Nas últimas semanas, o meu pratinho que caiu foi o dessa newsletter. Entre outras atividades de mais curto prazo, mais urgência e mais impacto, que envolveram desde cumprir um prazo apertado, uma urgência veterinária e um falecimento familiar, alguma coisa precisaria ficar para depois, e foi essa escrita aqui. A ausência da semana passada e a demora nesta semana não significam nem de longe desistência, mas… um ônus da existência. Preferir é, também, preterir.
O que eu tenho aprendido devagarzinho é que muitos dos pratos da nossa vida não são de porcelana. São de plástico resistente, daquele polipropileno azul que se usa em merenda de escolas públicas, que ao cair no chão não se espatifam. Apenas ficam lá, aguardando a gente catar. Há sim tempo de fazer o que é urgente, importante, impactante. Depois é só buscar os pratos que ficaram pelo caminho.
Li por aí e você pode achar bacana também
Decida rápido se for reversível, tome seu tempo para casos irreversíveis
Nem todas as decisões têm a mesma natureza. Algumas delas, depois de tomadas, são mais complicadas de reverter. Mas nem todas são assim: tem aquilo que não vale o tempo que você perde ponderando a decisão, porque é fácil voltar atrás. O argumento vem de uma carta de Jeff Bezos aos acionistas da Amazon, e a ilustração que ele usava era de uma porta que “abre por um lado só” (decisão irreversível) e de uma porta que abre pelos dois lados (decisão reversível). A primeira é importante ponderar e ter a maior certeza possível da decisão, enquanto no segundo caso não vale perder tanto tempo, porque é fácil simplesmente abrir a porta novamente e voltar. Vale lembrar que não é para ser irresponsável com decisões reversíveis. O ponto principal desta linha de pensamento é tomar decisões mais rápidas, evitando ficar paralisado pela necessidade de analisar demais antes de decidir o que fazer.
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O domínio de internet que pode ajudar na sobrevivência de uma pequena ilha do Pacífico
Muito interessante conhecer a história da luta da ilha de Niue, no Pacífico, para recuperar o direito de monetizar o uso do domínio de internet .nu. De forma semelhante ao que acontece com o domínio .tv, que é de propriedade de Tuvalu, o .nu é muito querido nos países escandinavos por significar algo como “agora” ou “imediatamente”. O curioso é que o interesse no domínio pode ajudar o país a se manter pra além das receitas vindas com turismo e financiar a tentativa de Niue de ingressar na ONU. O domínio estava até então nas mãos de um empresário americano, que tinha trocado o direito de controlar o sufixo pelo investimento de conectar a ilha à internet nos anos 1990. A ilha alega estar sofrendo de “colonismo digital” e briga judicialmente pelo encerramento deste acordo - se a ilha for bem sucedida, vai recuperar um potencial de até 2 milhões de dólares de receita por ano, além de uma bolada em “danos”. A decisão deve ser feita por um tribunal sueco em 14 de março. Vale conferir a história completa na Folha de S. Paulo.
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O problema das coisas que estão apenas dentro da sua cabeça
Mais de uma vez eu escutei de clientes que buscavam escrever um livro que eles já tinham muito material pronto para começarmos o trabalho de ghostwriting. E na maior parte das vezes em que perguntei onde esse material estava armazenado (para pedir que compartilhassem comigo), percebia apontarem para a própria cabeça dizendo “tá aqui”. O meu trabalho inicial com estes clientes é uma delícia, mas também um desafio: já que não existe AirDrop Mental, eu vou usando técnicas de entrevista para, junto deles, fazer o “download” de tudo para um formato editável, que possa ser compartilhado com terceiros. Achei curioso refletir sobre isso ao ler a newsletter da Passa, que fala exatamente sobre como lideranças e empreendedores acabam sobrecarregados se não estruturarem “fora da própria cabeça” as coisas que sabem fazer. Ao ler as dicas dela sobre como fazer isso, pensei que o processo de ghostwriting muitas vezes tem a ver com isso mesmo: ajudar a fazer download de algo que está na cabeça de outrém para que mais pessoas possam se beneficiar daquele pensamento bacana. Nesse link eu explico um pouco da minha metodologia, se você ficar com curiosidade.
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Veículos de mídia processam OpenAI por violação de direitos autorais
Sabe o que é usado para treinar a Inteligência Artificial (IA) por trás de coisas “mágicas” como o ChatGPT? Bem, todo o conhecimento gerado ao longo de anos e disponível na internet. Enquanto o Reddit negocia um contrato anual milionário com o Google para ceder as informações publicadas por lá para o treinamento da sua IA (conhecida como Gemini) e até a Automattic está considerando um sistema semelhante, veículos de mídia como o The New York Times, The Intercept e ao menos outros dois estão com processos contra a OpenAI por violação de direitos autorais. A alegação principal é que os criadores do ChatGPT treinaram as IAs com obras protegidas por direitos autorais de jornalistas sem creditá-las adequadamente. A depender das decisões judiciais, teremos um desenrolar curioso sobre o desenvolvimento das IAGs.
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Apps para anotações - vou testar o Notability, você usa algum outro?
Devo ser uma das últimas usuárias do Evernote para anotações em geral (serve como um grande caderno de rascunhos digital), mas enquanto preparo a mochila para rumar para o SXSW em Austin, nos EUA, achei que seria bom testar uma alternativa de anotações para usar no tablet. No ano passado, vi uma pessoa usando um Apple Pencil e um iPad como se fosse um caderno digital de anotações e fiquei curiosa sobre como seria acompanhar a conferência (ou uma reunião, ou uma aula) podendo contar com um caderno de anotações totalmente virtual. Nas próximas semanas vou testar o uso do Notability, porque fiquei fascinada com a função dele de gravar o que você está escutando e sincronizar o áudio com a anotação na tela. Tem ideia de quão sensacional teria sido assistir a uma aula no mestrado assim? Volto dentro de duas semanas com o resultado dos meus testes. Escolhi o Notability depois de ler minuciosamente este artigo que traz 13 diferentes opções de apps de anotação. E você, o que tem usado por aí para esse fim? Compartilhe comigo e com outros leitores deixando um comentário:
O que mais você ouvir por aí
Na ansiedade para reencontrar Paula Romano em Austin e curiosa sobre a seleção dela do show que iremos assistir desta vez, estou esquentando os motores (e amaciando os ouvidos) com uma playlist especial com a seleção das melhores canções de artistas e bandas que vão se apresentar como parte da programação do SXSW 2024. Ela publicou uma análise detalhada das principais seleções lá no Update or Die e juntas reunimos nesta playlist as canções de destaque. Vale o play para se ambientar com coisas boas e coisas novas que poderemos escutar por aí nos próximos anos. (Nos vemos em breve, Paula!)
O que vem por aí
Nesta quarta-feira, 6/3, a partir das 19h, estarei na Livraria da Vila, no Shopping JK, para o lançamento do livro de memórias de uma cliente muito querida, a Katia Wendt. Será uma noite de celebração e autógrafos, e se você que me lê quiser passar por lá, será super bem vindo. Entitulado “O Jardim da Resiliência”, o livro já está em pré-venda na Amazon e poderá ser adquirido nas melhores livrarias a partir do dia 7/3.
Até a próxima segunda-feira, 11/3, pretendo trazer alguns insights e destaques do SXSW, principal festival de inovação que acontece em Austin, nos EUA. Tenho falado muito dele porque já há 5 anos acompanho e sei que o que se fala por lá costuma pautar assuntos ao longo do ano todo, e esse ano não será diferente. Além dos spoilers que vou trazer nesta newsletter, também devo compartilhar em breve a cobertura completa da GoAd Media, que contará com a curadoria minha e do time incrível da GoAd, que inclui o José Saad e o Eduardo Zanelatto, duas figuras sensacionais e muito parceiras em Austin. Se estiver por lá, não deixe de conferir o guia que produzimos com tudo que você precisa saber sobre o SXSW e me mande uma mensagem para tomarmos um café e trocarmos uma ideia.