Umas coisas que eu li por aí | Cansei de viver momentos históricos
Até porque tinham me prometido nos filmes algo um pouco diferente para os apocalipses
Juliana Cunha me fez ter um riso sarcástico essa semana, e na falta de risos em geral, a gente celebra o que tem. Não cheguei nem aos 40 e já vivi momentos históricos o suficiente para cansar. Cansei. Quero dias normais, rotinas repetitivas e quase desinteressantes de novo, ao menos pra dar uma folguinha. Mas não - estamos aqui, lidando com a participação de um apocalipse que ao invés de trazer ação e corre-corre, traz esse esgotamento mental, essa apatia ou até o estresse que a gente não sabe nem direito de onde vem, mas que tá aí, desgastando todo mundo de uma forma diferente.
Quem completou a piada foi Marcelo Sabbatini, que reforçou para termos calma: pode ser apenas o começo do processo, e a maioria dos filmes apocalipticos sempre começava com noticiário e protestos. SOCORRO.
Pra você que está chegando por aqui agora, essa é uma newsletter com tendências semanais, mas de viés inconstante - tem dias que o mundo permite que a gente saia às sextas, mas tem semanas que não sobrou nada de mim às sextas e deixo para os sábados. Nas últimas semanas, o desgaste bateu mais forte, a enxaqueca conquistou mais uns dois territórios no meu cérebro e eu vou seguindo como posso. Por isso, o intervalo vai ficando maior. Mas eu sempre volto e apareço, não desista!
Falando em apocalipse, assista Day Break e se permita também rir um pouquinho sobre o fim dos tempos
Cruzei com essa por indicação do ilustríssimo e confesso que tem nos ajudado a rir um pouco não só sobre as piadas da série, mas também as curiosas relações com a atualidade. Day Break conta a história de um apocalipse que transforma todos os adultos em ghoulies, uma espécie de zumbi, e deixa apenas os jovens vivos. “Um mundo só com jovens vivos, Jac? Não sei”, refletiu o Ghedin quando eu indiquei a série no último episódio do Guia Prático, mas eu dobro a indicação: ajuda a entender que essa sensação de fim dos tempos mais vontade de dançar na sala de casa que a gente tem de vez em quando, ou como o shopping pode parecer um refúgio de normalidade, não é assim tão bizarra. Tem na Netflix, temporada única.
Pesquisa revela que apenas 1,8% das reportagens sobre o Brasil são positivas
Nenhuma novidade pra gente, mas explica porque quem tem amigos ou interações internacionais acaba se vendo numa situação constrangedora de explicar que está vivo (e fisicamente saudável, dentro do possível) sendo residente do Brasil 2021.
O esquema é digitalizar as carteirinhas de todo o país
Um aplicativo criado por cientistas da USP está se propondo a digitalizar as carteirinhas de vacinação dos brasileiros para tentar estimar a cobertura vacinal do país. A ideia é garantir que, enquanto a gente não põe nossos bracinhos na imunização contra Covid-19, estejamos suficientemente protegidos das outras coisas que já tem vacinas funcionais e comprovadas.
Davi v. Golias do mundo digital, batalha entre Apple e Epic Games pode alterar a divisão de faturamentos entre plataformas e desenvolvedores
Essa conversa durou um bloco inteiro do Guia Prático e ainda assim terminamos insatisfeitos por não termos abordado todos os flancos, mas essa matéria no Protocol ajuda a entender o esquema. Resumindo a história, o padrão de mercado hoje para a divisão de lucros entre as lojas de apps/games e os desenvolvedores dos tais apps e games é a proporção 70-30, onde o proprietário do código leva 70% e o intermediador fica com 30% como uma “taxa” de intermediação.
Mas agora os desenvolvedores estão incomodados e a Epic Games decidiu ser a ponta da lança dessa polêmica, provocando a Apple a tirar o seu popular game Fortnite do iOS e levando a empresa para uma batalha judicial antitruste. O caso começou nesta semana e ainda deve durar mais alguns bons dias, e a expectativa é que respingue também em outras plataformas intermediadoras (como a Google Play). No geral, a visão é de que uma taxa de 30% é abusiva e que algo como 12% seria o mais justo. No entanto, como um bom vendedor de rede na praia, o CEO da Epic Games está pedindo por muito mais coisas pra ver se a negociação termina parcialmente favorável pra ele.
Essa coisa de puxar o celular é viciante - porque você não quer ser diferente da turminha ao seu redor
Já reparou que quando uma pessoa próxima de você puxa o celular, você tem a tendência a fazer o mesmo? Cientistas estão analisando se isso seria uma situação quase inconsciente de tentar fazer “parte do grupo” (!) - seria o chamado “efeito camaleão”, que é a tendência inconsciente de imitar o comportamento dos outros. Tipo bocejar, sabe? Por isso, quando pensar em puxar seu celular pra ver alguma coisa, vale pensar duas vezes - porque pode ser que você perca completamente a atenção de quem está próximo de você.
Trocentas novidades da Apple e o que eu acho que vale você prestar atenção
Como essa newsletter saiu com uma periodicidade mais espaçada, essas novidades da Apple talvez nem sejam assim tãaao novidade pra você, mas vale pontuar. A empresa lançou um monte de coisas coloridinhas - iMacs, iPhone roxo - quase que nostalgicamente voltando às suas origem da maçã com cores do arco-íris. Os novos iMacs (os quais obviamente custarão uma fortuna e talvez você só vá ver em lojas) são um show à parte e lembram os computadores coloridinhos e translúcidos do tempo dos monitores de tubo.
Teve também um novo iPad bem parrudo e o lançamento dos AirTags, uns aparelhinhos que podem ajudar os mais perdidos a não esquecerem as chaves ou a carteira para trás. Quem usar um AirTag pode rastrear os objetos a partir do celular (favor não perder o celular, neste caso)
Mas de tudo o que eu acho que você deveria prestar atenção, está a decisão da Apple com a atualização do novo iOS de perguntar pra você se você vai querer que um determinado app rastreie sua atividade online.
A Apple chegou até a explicar em vídeo esse novo cuidado. Há quem enxergue uma grande estratégia de marketing. Eu acho que pode até ser, mas que é uma estratégia de marketing que também ensina de forma didática a importância de se preocupar com a privacidade.
Respire, caminhe, medite, ‘yogue’, relaxe
Parece que esse pequeno apocalipse que estamos vivendo precisa mais de força da mente do que força do corpo. Se cuide, respire, caminhe, medite, faça yoga, relaxe como puder e use máscara.
Até a próxima!