Umas coisas que eu li por aí | Depois de um mês inteiro sem escrever, voltando!
Guimarães Rosa diria a gente afina e desafina - and I think it's beautiful
Não sei pra você, mas aqui a vida virou uma pororoca de coisas simultâneas. Com o semestre do mestrado encerrando, os trabalhos finais começaram a se empilhar, embolaram com entregas e novos projetos e de repente eu estava que nem esse quadrinho da Eleonora Cintra:
E sabe o que precisou ficar de lado, né? Exatamente, essa newsletter. A coisa boa é que vocês todos estão avisados desde o dia um que ela é uma newsletter inconstante. A ideia era ser semanal, ao menos quinzenal, mas em junho não deu: entre todas as minhas responsabilidades e prioridades, hobbies e exercícios físicos foram ficando de lado. O importante é que Guimarães Rosa já me tranquilizava há anos, dizendo que as pessoas afinam e desafinam, e se eu desafinei em junho, não tem problema, sempre dá pra abrir o mês e ajustar isso aí.
Por isso, se prepara, que dessa vez eu trago o melhor do último mês de leituras:
É cringe se dizer cringe, tá bem, colega Millennial?
O que eu já chamei de “vergonha alheia” hoje chama “ser cringe”. Lê-se da mesma forma que escreve mesmo, não tem som gringo não. É o jeitinho amoroso dos mais jovens dizerem que a gente não é mais do balacobaco, que não somos tão dahora assim, que estamos datados. E, pra piorar, ficar se identificando como cringe é ainda mais cringe, viu? É basicamente como se dizer o tio da Sukita (colegas Millennials entenderão). Uma reflexão bacana do Pichonelli também destaca como a gente fez umas escolhas bem questionáveis nos nossos anos de vida, e o como a diversão dos “Alpha” (os que vem depois da geração Z, acredita?) é basicamente algo que não envolva telas, que nos afaste dessa vida digitalizada cheia de Zoom e burnout (amém!). Vejo isso nas minhas primas e afilhadas, que acham esse negócio de ficar ligando por vídeo conferência uó. “Legal, legal, quando é que você vem pra cá pra gente brincar?” é o recado que mais recebo. Vai vendo.
Vixe, pera, geração o que?
Calma, não vá se perder por aí. Quem decidiu dar nomes pras gerações começou com com os baby boomers (aqueles que nasceram no pós-guerra, anos 50 e 60), que foram seguidos pela geração X (anos 60 e 70), que deram vida à geração Y ou Millennial (olha eu aqui, nos anos 80 e 90). Na sequência vieram as gerações Z (anos 90 e 2000), o que fez os nascidos a partir de 2010 darem a volta no alfabeto…. e começarem com letras gregas, como Alpha. Pronto, agora você não se perde (tanto).
Esses preços absurdos da tecnologia são uma combinação de dólar alto com crise dos chips
Lembra daquela ideia do efeito borboleta, que a o bater de asas da borboleta em Pirapora do Sul impactaria de forma absurda uma outra localidade? Pois bem, esse efeito dominó está visível nos custos ABSURDADOS de equipamentos tecnológicos e até de carros na atualidade. Discuti isso com o Ghedin (ouça no podcast!) e trouxemos até comentários do Rafael Reis, da Procure Meu Carro, que é especialista em ajudar você a encontrar um carro seminovo batuta pra comprar, e tá difícil pra todo mundo: com a parada das fábricas e dos sistemas logísticos no começo da pandemia, os chips estão mais raros no mercado, e por isso mais caros. Pra complicar, a mineração de criptomoedas catapultou os valores das placas de vídeo, e basicamente tudo que envolve tecnologia (placa de vídeo, processadores, o que basicamente é a nossa vida conectada hoje em dia) ficou caro. Por isso, fica a minha dica de cuidar bem dos seus equipamentos, porque comprar um novo vai te custar uma fortuna - ou te obrigar a fazer o famoso downgrade pra algo piorzinho na hora de repor.
Trabalho remoto é mais novo benefício para contratar talentos fantásticos
Uma parte dessa profissional freelancer remota que vos escreve está feliz demais com essa tendência. Longe de mim achar que temos que trabalhar trancafiados em casa (lembrando que não estamos em trabalho remoto, estamos em trabalho PANDÊMICO), mas acho que oferecer um mínimo de flexibilidade pra quem quer/prefere fazer parte dos seus afazeres de casa é algo que já poderia ter sido oferecido há alguns bons anos.
É mais uma questão de mudança de mentalidade mesmo, de aprender a fazer as coisas de forma assíncrona, planejada, organizada. Depois desse trial forçado, os empregados estão pressionando os empregadores - e, se você não estiver pensando em oferecer alguma flexibilidade para sua equipe, talvez perca seus talentos para a concorrência. Não acredita em mim? Então dá uma olhada nas reclamações da equipe da Apple e no receio do RH do Facebook. Tem várias histórias de sucesso - vou evitar citar a Automattic pela milionésima vez e deixar esse relato do CEO responsável pelo app Todoist.
Ergonomia é o básico também, tá? Não vá descuidar
Coisas como uma mesa decente, uma cadeira razoável e um kit-teclado-e-mouse são essenciais. Não vá estragar sua coluna ao trabalhar de casa.
Pesquisa mostra que crianças de 16 meses já sabem dar aquela avaliada na justiça de uma situação
E são capazes de recompensar quem agiu de forma justa. A pesquisa aponta que com 12 meses as crianças esperam que os recursos sejam divididos de forma justa e que as pessoas ajudem umas às outras, e com 2 anos elas também aprendem a distribuir os recursos igualmente, e preferem brincar com um adulto que age de forma justa do que um que age de maneira injusta. Espertas, essas crianças? Talvez ainda não tenham é sido corrompidas pela construção social que dá algum valor para quem aposta em levar vantagem. Hora de parar de estragar os pequenos, não?
Redobre o cuidado com seu celular - estão furtando não só pra levar seu aparelho, mas pra limpar sua conta
Ficamos tão acostumados com fazer transações financeiras pelo celular que pessoas mal intencionadas também estão aproveitando essa uber conectividade dos nossos bancos para roubar nossos celulares não pelo valor do aparelho, mas pelo potencial do valor das nossas contas bancárias. Ainda não está 100% claro como estão contornando a segurança dos aplicativos de banco, mas especialistas desconfiam que trata-se de engenharia social em cima de potenciais descuidos nossos - por isso, reforce suas senhas, redobre o cuidado em momentos em que o celular estiver desbloqueado (tipo com mapas de trânsito) e garanta que as suas senhas não estão expostas em emails, WhatsApp ou blocos de nota. Cuidado aí, minha gente!
Buscando significado depois de perdas - algumas sugestões para lidar com o imenso luto dos nossos tempos
Achei esse TED interessante - lembra daquela animação sobre os estágios do luto, que passava pela negação, barganha e finalmente aceitação?
(eu sempre vejo e rio de novo, deixei pra vocês rirem também!)
Bem, especialistas apontam que talvez exista um “sexto estágio”, que tem a ver com encontrar algum significado para aquela perda. Lembrei que o último livro da Chimamanda Adichie (conhecido como o único que eu não li ainda) é exatamente sobre como lidar com o luto da perda dos seus pais - chama-se “Notas sobre o luto”. Quem sabe foi a forma que ela encontrou para gerar significado para a perda? Na mesma pegada, Joan Didion fez dois livros sobre o assunto - o muito bonito (ainda que meio lento) “Ano do Pensamento Mágico” e “Blue Nights”.
Começando julho, eu espero sinceramente conseguir trazer um mínimo de constância pra essa newsletter. Obrigada a todos que continuaram assinando pela compreensão com o sumiço, e prometo que em julho vamos ter mais edições. Quer sugerir um assunto específico pra vir pra próxima newsletter? Aproveita o botão abaixo que vai direto pro meu email:
Simbora, se cuidem, se vacinem (caso seja a sua vez) e usem máscara!